Neste momento, apresentamos o relatório da primeira etapa do estudo, que identifica lacunas, atores e dinâmicas de relacionamento entre negócios comunitários, organizações de apoio e financiadores. Como um estudo em evolução, o projeto segue avançando com base nas evidências identificadas, incorporando novas entrevistas, análises e ações à medida que os resultados se consolidam.
Nesta primeira etapa foram ouvidas organizações comunitárias de referência em suas cadeias produtivas. As entrevistas revelaram desafios persistentes, como governança, sucessão, infraestrutura dos negócios e apoio técnico.
A partir dessa escuta, foram mapeadas as redes de relacionamento e os tipos de apoio existentes, ampliando o entendimento sobre como o ecossistema se organiza e onde estão seus vazios.
A próxima etapa, com início previsto para novembro, volta-se aos dinamizadores, com foco em causas estruturais das fragilidades mapeadas, os desafios para superá-las e as estratégias de articulação e investimento que podem alavancar a sociobioeconomia como um setor produtivo sustentável.
Organizações comunitárias entrevistadas
Foram ouvidas 12 organizações comunitárias de referência que atuam em cadeias produtivas da sociobiodiversidade em um território de influência de 19,3 milhões de hectares. O mapa da Amazônia busca garantir diversidade e representatividade territorial, setorial e de estágio de desenvolvimento, oferecendo uma visão a partir de diferentes realidades da sociobioeconomia amazônica.


Desafios técnicos e estruturais
Esta primeira etapa do estudo reuniu percepções de 12 organizações comunitárias para identificar os principais desafios estruturais da sociobioeconomia amazônica.
Os resultados foram organizados em 13 pontos críticos, que revelam padrões recorrentes nas cadeias produtivas e nas relações de apoio do ecossistema.
Cada ponto reflete uma dimensão de vulnerabilidade, mas também uma oportunidade de atuação coletiva para dinamizadores, financiadores e formuladores de políticas.
Desafios técnicos e estruturais
FILANTROPIA
Mesmo com conexões crescentes, as soluções continuam pontuais e pouco adaptadas às realidades locais.
APOIO DIFUSO
A ausência de especialização torna o apoio genérico, limitando a resolução de problemas complexos.
INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA
A precariedade logística e de estrutura física limita o acesso a mercados e mantém custos elevados.
Desafios institucionais e de gestão
GOVERNANÇA E EQUIPE
Falta de equipe técnica e sobrecarga de lideranças comprometem a continuidade das operações.
FINANÇAS E CAPITAL DE GIRO
A ausência de recursos próprios e o medo do endividamento restringem investimentos e planejamento.
SUCESSÃO E JUVENTUDE
A baixa atratividade das atividades produtivas e a falta de oportunidades de formação desestimulam a renovação de lideranças.
Desafios de produção e comercialização
INDUSTRIALIZAÇÃO LOCAL
A ausência de profissionais, energia e equipamentos limita o beneficiamento e a agregação de valor.
COMERCIALIZAÇÃO
As cooperativas priorizam modelos B2B para garantir estabilidade, mas carecem de estratégias de diversificação de mercado.
CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL
É necessário equilibrar expansão produtiva com respeito aos tempos do manejo e das tradições locais.
Desafios sociais e sistêmicos
SOBRECARGA DE FUNÇÕES
Líderes acumulam funções produtivas, administrativas e domésticas, reduzindo o tempo para inovação.
VIDA DIGNA
As prioridades seguem voltadas ao bem-estar coletivo, evidenciando carências sociais básicas nos territórios
INVESTIMENTO E CRÉDITO
Falta de instrumentos financeiros adequados e medo do endividamento impedem o avanço produtivo
As interpretações acima foram construídas a partir das entrevistas e análises qualitativas.
Em paralelo, o mapeamento de redes desenvolvido nesta etapa revelou 110 atores, 406 conexões e novos padrões, lacunas e recorrências nas conexões entre organizações comunitárias, como ofertantes de soluções verdes, dinamizadores e demandantes de soluções verdes.
Esses mapas mostram como o ecossistema se organiza na prática – onde as relações são fortes, onde faltam articulações e onde o apoio se concentra em poucos atores.
A combinação entre escuta e análise de rede oferece uma visão integrada do sistema, apontando caminhos para ações mais coordenadas e estruturantes.
Mapa de atores e tipos de apoio
Com uma visualização categorizada dos atores e das relações existentes, o mapa abaixo apresenta padrões de relacionamento e tipos de parceiro.
As relações identificadas foram categorizadas como:
• Estruturante: é aquela que sustenta o funcionamento ou o crescimento da organização comunitária. Normalmente, envolve parcerias de longo prazo, confiança mútua e corresponsabilidade em decisões ou processos-chave.
• Recorrente: é uma relação frequente, mas operacional, em que há trocas regulares e contínuas, sem necessariamente envolver decisões estratégicas conjuntas.
• Pontual: é a relação em que a organização atua como fornecedora de produtos ou serviços e o outro ator compra – podendo ser consumidor final, loja, distribuidor, empresa ou governo
• Cliente: é a relação em que a organização atua como fornecedora de produtos ou serviços e o outro ator compra – podendo ser consumidor final, loja, distribuidor, empresa ou governo.
Essa combinação de dados permite visualizar:
• distribuição de poder e centralidade – quais atores concentram as conexões e ocupam uma posição estratégica na rede;
• diferentes padrões de relação – predominância da relação de tipo financeiro, falta de apoio recorrente sobre estabilidade e continuidade das parcerias;
• balanço entre a demanda e a oferta de apoios – quem apoia, quem é apoiado e quais atores atuam nesse ponto, entre grupos distintos.
Mapa de papeis institucionais na rede
Este mapa apresenta os 110 atores, citados como integrantes das redes das organizações comunitárias, organizados por categorias de papéis institucionais. Cada grupo reúne as organizações citadas que exercem esses papéis no ecossistema da bioeconomia amazônica.
Os papéis institucionais foram determinados a partir da mandala da Climate Ventures:

Essa representação permite observar:
• Densidade de atuação e articulação: áreas de maior densidade de atuação e articulação.
• Papéis e atores menos citados: lacunas de presença ou integração em determinados papéis.
Mapa Parcerias e escopos de colaboração
Neste visualização avançamos na qualificação das relações apresentadas que tipificam os escopos das parcerias listadas. Esta visualização ajuda a compreender as áreas com mais densidade de cooperação e quais são os atores responsáveis por tais ofertas de apoio. Visualizamos:
• parcerias recorrentes e diversificadas – indicam áreas e atores com maior articulação e um fluxo de soluções estabelecido;
• parcerias pouco frequentes ou ausentes – evidenciam lacunas ou oportunidades para fortalecer vínculos no ecossistema.
Mapa Blocos do Modelo Ecossistema da Sociobioeconomia da Amazônia brasileira 2024
O mapa mostra como os blocos do Modelo Ecossistêmico da Sociobioeconomia da Amazônia Brasileira 2024 se conectam aos diferentes atores que exercem papéis institucionais associados a cada um deles.
A leitura permite identificar os blocos com maior densidade de conexões — onde há concentração de atores e forte incidência — e, em contraste, os blocos periféricos, com menor integração, indicando áreas que demandam maior atenção e investimento.
Conheça as 12 organizações entrevistadas
RECA
EST. 1989 – Porto Velho, RO / Região da Ponta do Abunã
A RECA (Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado) é uma iniciativa pioneira, fundada em 1989, localizada na região da Ponta do Abunã, em Rondônia. A organização se destaca pela implementação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) em larga escala, envolvendo centenas de famílias de agricultores em um modelo que integra produção diversificada, agregação de valor e conservação ambiental.
Cadeias Produtivas Prioritárias: Abacaxi, Acerola, Andiroba, Café, Castanha, Copaíba, Cupuaçu, Goiaba, Graviola, Maracujá, Mel, Pupunha, SAFs, Sementes
Dores por Bloco do Modelo Ecossistêmico da sociobioeconomia Amazônica: [03] Níveis de Tomada de Decisão, [04] Uso coletivo da terra e direitos territoriais de PIQCTs, [09] Processos Produtivos da Sociobioeconomia, [12] Ecossistema de Inovação e Suporte, [13] Transporte Inicial, [14] Redes Intermediárias e Primárias de Abastecimento
Hectares do território (aproximado): 5200
Pessoas beneficiadas diretamente (nº cooperados × 4): 1.200
Nº de cooperados: 300
CAET
EST. 2001 – Tarauacá, AC / Municípios de Tarauacá, Feijó e Jordão
A Cooperativa de Agroextrativistas de Tarauacá (CAET) é uma organização com aproximadamente 410 cooperados, situada no estado do Acre e com atuação nos municípios de Tarauacá, Feijó e Jordão.
Cadeias Produtivas Prioritárias: Babaçu, Castanha, Pesca, Sementes
Dores por Bloco do Modelo Ecossistêmico da sociobioeconomia Amazônica: [05] Tipos de Financiamento, [08] Instituições de Ensino e Treinamento, [09] Processos Produtivos da Sociobioeconomia, [11] Fortalecimento de Capacidades, [12] Ecossistema de Inovação e Suporte, [13] Transporte Inicial, [14] Redes Intermediárias e Primárias de Abastecimento, [15] Escolha de Mercado
Hectares do território (aproximado): 154.134
Pessoas beneficiadas diretamente (nº cooperados × 4): 1.640
Nº de cooperados: 410
Amazonbai
EST. 2018 – Macapá, AP
Cooperativa de produtores extrativistas de açaí nativo no Amapá, composta por 150 membros. Foco na verticalização da produção e no acesso a mercados de alto valor agregado.
Cadeias Produtivas Prioritárias: Açaí, Mel
Dores por Bloco do Modelo Ecossistêmico da sociobioeconomia Amazônica: [09] Processos Produtivos da Sociobioeconomia, [11] Fortalecimento de Capacidades, [12] Ecossistema de Inovação e Suporte, [13] Transporte Inicial, [14] Redes Intermediárias e Primárias de Abastecimento, [15] Escolha de Mercado
Hectares do território (aproximado): 2.972
Pessoas beneficiadas diretamente (nº cooperados × 4): 600
Nº de cooperados: 150
Rede Terra do Meio
EST. 2009 – Altamira, PA / Terra do Meio
Associação que articula povos indígenas, comunidades ribeirinhas e agricultores familiares em um vasto território na região de Altamira, Pará.
Cadeias Produtivas Prioritárias: Artesanato, Babaçu, Castanha, Mandioca, Murumuru, Sementes
Dores por Bloco do Modelo Ecossistêmico da sociobioeconomia Amazônica: [09] Processos Produtivos da Sociobioeconomia, [12] Ecossistema de Inovação e Suporte, [13] Transporte Inicial, [14] Redes Intermediárias e Primárias de Abastecimento, [15] Escolha de Mercado
Hectares do território (aproximado): 7.000.000
Pessoas beneficiadas diretamente (nº cooperados × 4): 12.000
Nº de cooperados: 3.000
COOPERCINTRA
EST. 2011 – Vale do Juruá (AC e AM)
A Cooperativa dos Produtores Agroextrativistas do Vale do Juruá, fundada em 2011, atua na produção de manteiga de murumuru e borracha nativa.
Cadeias Produtivas Prioritárias: Borracha, Murumuru
Dores por Bloco do Modelo Ecossistêmico da sociobioeconomia Amazônica: [04] Uso coletivo da terra e direitos territoriais de PIQCTs, [07] Conexão Rural–Urbana, [08] Instituições de Ensino e Treinamento, [09] Processos Produtivos, [11] Fortalecimento de Capacidades, [12] Ecossistema de Inovação e Suporte, [13] Transporte Inicial, [14] Redes Primárias de Abastecimento, [15] Escolha de Mercado
Hectares do território (aproximado): 824.901
Pessoas beneficiadas diretamente (nº cooperados × 4): 1.644
Nº de cooperados: 411
ASPROC
EST. 1994 – Carauari, AM / Médio Juruá, Amazonas
Associação dos Produtores Rurais de Carauari, fundada em 1994. Atua em território da RDS Uacari e Resex Médio Juruá.
Cadeias Produtivas Prioritárias: Andiroba, Açaí, Borracha, Copaíba, Pesca, Pirarucu
Dores por Bloco do Modelo Ecossistêmico da sociobioeconomia Amazônica: [09] Processos Produtivos da Sociobioeconomia, [11] Fortalecimento de Capacidades, [12] Ecossistema de Inovação e Suporte, [13] Transporte Inicial, [14] Redes Intermediárias de Abastecimento, [15] Escolha de Mercado
Hectares do território (aproximado): 632.949
Pessoas beneficiadas diretamente (nº cooperados × 4): 3.200
Nº de cooperados: 3.200
ASPACS
EST. 1997 – Lábrea, AM / Resex Ituxi, Médio Purus, Floresta Estadual de Canutama
Associação de base comunitária fundada em 1997 em Lábrea (AM), liderada por mulheres e atuante em comunidades ribeirinhas e indígenas.
Cadeias Produtivas Prioritárias: Andiroba, Castanha, Mandioca, Murumuru, Mutamba, Tucumã
Dores por Bloco do Modelo Ecossistêmico da sociobioeconomia Amazônica: [02] Atores, [05] Tipos de Financiamento, [11] Fortalecimento de Capacidades, [12] Ecossistema de Inovação e Suporte, [13] Transporte Inicial
Hectares do território (aproximado): 604.290
Pessoas beneficiadas diretamente (nº cooperados × 4): 920
Nº de cooperados: 230
ASMAMJ
EST. 2004 – Carauari, AM / Médio Juruá, Amazonas
Associação de Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá, fundada em 2004. Atua com biocosméticos e biojoias.
Cadeias Produtivas Prioritárias: Andiroba, Copaíba, Mutamba
Dores por Bloco do Modelo Ecossistêmico da sociobioeconomia Amazônica: [05] Tipos de Financiamento, [09] Processos Produtivos, [11] Fortalecimento de Capacidades, [13] Transporte Inicial, [14] Redes Intermediárias
Hectares do território (aproximado): 286.955
Pessoas beneficiadas diretamente (nº cooperados × 4): 1.152
Nº de cooperados: 288
Casa Wariró
EST. 2006 – São Gabriel da Cachoeira e Japurá, AM / Alto Rio Negro, Amazonas
Marca coletiva da FOIRN que representa a produção de 23 povos do Rio Negro. Gestão coletiva fundamentada no “bem viver”.
Cadeias Produtivas Prioritárias: Abacaxi, Artesanato, Banana, Castanha do Uará, Cubiu, Mandioca, Tucumã, Tucupi, Turismo
Dores por Bloco do Modelo Ecossistêmico da sociobioeconomia Amazônica: [05] Tipos de Financiamento, [07] Conexão Rural–Urbana, [11] Fortalecimento de Capacidades, [12] Ecossistema de Inovação e Suporte, [13] Transporte Inicial, [14] Redes Primárias
Hectares do território (aproximado): 10.091.713
Pessoas beneficiadas diretamente (nº cooperados × 4): 4.000
Nº de cooperados: 1.000
COOPAFLORA
EST. 2019 – Oriximiná, PA / Baixo Amazonas, Pará
Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte, fundada em 2019.
Cadeias Produtivas Prioritárias: Andiroba, Castanha, Copaíba, Cumaru, Pimenta
Dores por Bloco do Modelo Ecossistemico da sociobioeconomia Amazônica: [05] Tipos de Financiamento, [09] Processos Produtivos, [11] Fortalecimento de Capacidades, [12] Ecossistema de Inovação e Suporte, [13] Transporte Inicial, [14] Redes Intermediárias
Hectares do território (aproximado): 4.000.000
Pessoas beneficiadas diretamente (nº cooperados X 4): 688
Nº de cooperados: 172
Amoreri
EST. 2006 – Altamira, PA / Rio Novo, Resex do Rio Iriri, Pará
Associação de Moradores do Rio Novo, localizada na Resex do Rio Iriri, Pará. Atua em beneficiamento de castanha e babaçu.
Cadeias Produtivas Prioritárias: Babaçu, Castanha, Pesca, Sementes
Dores por Bloco do Modelo Ecossistêmico da sociobioeconomia Amazônica: [02] Atores, [09] Processos Produtivos, [11] Fortalecimento de Capacidades, [12] Ecossistema de Inovação e Suporte, [13] Transporte Inicial
Hectares do território (aproximado): 398.993
Pessoas beneficiadas diretamente (nº cooperados × 4): 128
Nº de cooperados: 32
AASFLOR
EST. 2011 – Uruará, PA / Microrregião de Altamira, Pará
Associação Administrativista Sementes da Floresta, fundada em 2011, localizada em Uruará (PA).
Cadeias Produtivas Prioritárias: Andiroba, Babaçu, Breu Branco, Castanha, Copaíba, Cumaru, Cupuaçu, Mandioca, SAFs, Sementes, Ucuuba
Dores por Bloco do Modelo Ecossistemico da sociobioeconomia Amazônica: [05] Tipos de Financiamento, [09] Processos Produtivos, [12] Ecossistema de Inovação e Suporte, [13] Transporte Inicial, [14] Redes Intermediárias
Hectares do território (aproximado): 3.200
Pessoas beneficiadas diretamente (nº cooperados X 4): 128
Nº de cooperados: 32
Participe da Transformação Verde
Baixe relatório parcial do Mapa de Conexões Comunitárias da Sociobioeconomia na Amazônia 2025
Ficha técnica
Daniel Contrucci
Ricardo Gravina
Ude Lottfi
Climate Ventures
Climate and Land Use Alliance – CLUA
Osmarino de Sousa
Adevaldo Dias
Rosângela Cunha
Luana Leite
Sandra Barros
Luciane Tariana
Amiraldo Enuns de Lima Picanço
José Santiagao
Daiana da Silva
Silvio Porto
Francisco de Assis Porto de Oliveira
Raimunda Rodrigues
Erismar Saouza
Hamilton Condack
José Rodrigues de Araújo
Climate Ventures & BioDiversas Lab
Whilla Castelhano
Christian Brito
BioDiversas Lab
Climate Ventures
Luiz Teodoro
Sintrópika
Nossos Parceiros
Trabalhamos em colaboração com organizações e instituições comprometidas com a agenda climática e o desenvolvimento sustentável, incluindo:

Esses parceiros desempenham um papel crucial no desenvolvimento e implementação das soluções e análises apresentadas pelo OV Insights.
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